‘MADE IN PARAÍBA’ - Tecnologia contra acidentes de trabalho: MPT apoia projeto pioneiro de criação de ‘Equipamentos de Proteção Inteligentes’

13/09/2019 – Estudantes da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), campus de Sumé, no Cariri paraibano, estão desenvolvendo equipamentos de proteção para a prevenção de acidentes de trabalho. Eles ‘batizaram’ os aparelhos de ‘EPIns – Equipamentos de Proteção Inteligentes’. Em três meses, foram desenvolvidos dois protótipos: o ‘Smart Warning System’ (SWS), Sistema de Alerta Inteligente e o ‘Thermal Confort Smart’, Leitor Inteligente de Conforto Térmico. Pioneiro e genuinamente paraibano, o projeto está sendo apoiado pelo Ministério Público do Trabalho no Estado.

O professor da UFCG Daniel Augusto de Moura Pereira, 36 anos, é engenheiro de Produção Mecânica, com especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho. Ele disse que esses protótipos mostram um novo caminho para a Segurança do Trabalho e, portanto, para a proteção dos trabalhadores.

“Estamos no século XXI, temos que otimizar tempo e recursos. Ambos estão muito escassos e estes aparelhos podem auxiliar nisso”, afirmou.

A equipe responsável pelo desenvolvimento desses equipamentos é formada por quatro estudantes que trabalham como projetistas/modeladores e mais dois alunos que são estagiários. São todos do curso de Engenharia de Produção do Centro de Desenvolvimento Sustentável do Semiárido da UFCG. Eles são orientados pelos professores Rômulo Augusto e Daniel de Moura.

De acordo com o professor Daniel, um dos protótipos – chamado de ‘Sistema de Alerta Inteligente’ – é um sistema que é acoplado à máquina e cria zonas virtuais de alerta e perigo.

“Quando o trabalhador se aproximar dessas zonas, o sistema emitirá diferentes sinais sonoros e, em casos de presença do trabalhador na zona de perigo, a máquina se desligará. É um instrumento com observações junto à NR-12”, explicou.

Já o ‘Leitor Inteligente de Conforto Térmico’, é um sistema de gestão continuada em Saúde e Segurança do Trabalho. “Ao ser instalado em ambientes, calcula, ‘minuto a minuto’, o Índice de Desconforto Humano, ou seja, indica a situação de estresse térmico que o trabalhador está envolvido”, afirmou, acrescentando que esse aparelho poderá ser acoplado, por exemplo, no capacete do trabalhador ou instalado no próprio ambiente.

O professor disse, ainda, que “esses dados são enviados diretamente para a ‘nuvem’ e podem ser acessados de qualquer aparelho móvel”. “Os produtos se apoiam na aplicação de Segurança do Trabalho na Indústria 4.0, mais precisamente pelo uso de manufatura aditiva e Internet das Coisas”, acrescentou.

 

     

Protótipo Sustentável

Além da preocupação com a segurança do trabalhador, a equipe de jovens cientistas na Paraíba também tem como meta a preservação ambiental. De acordo com professor Daniel Moura, o material usado para impressão dos protótipos é biodegradável.

“A manufatura aditiva (impressão 3D) é feita com um tipo de composto chamado PLA (poliácido láctico). É um produto que vem substituindo os plásticos convencionais, como sacolas plásticas de mercado, garrafas, canetas, copos, etc. Então, esse produto pode ser descartado sem poluir a natureza”, informou Moura.

Amor à ciência

Os futuros engenheiros da UFCG se dedicam à pesquisa de oito a 10 horas diárias. “Para mim, são um orgulho e, muito em breve, serão grandes engenheiros. Trabalham por amor à ciência e ao conhecimento. Sem eles, nada disso seria possível”, ressaltou o professor Daniel Moura.

Sem recursos

“O nosso laboratório foi desenvolvido com o nosso dinheiro. Meu dinheiro e do professor Rômulo. Nossos estudantes trabalham de graça, não têm bolsa. Então, a gente investe no laboratório, porque a gente acredita na ciência, a gente acredita no desenvolvimento dos alunos, mas falta apoio das empresas para que a gente consiga ‘andar’ e entregar esses produtos prontos”, desabafou o professor Daniel Moura.

Ele disse que há vários outros equipamentos em desenvolvimento há mais de um ano, mas estão parados por falta de recursos financeiros.

Apoio do MPT

“Na campanha ‘Abril Verde’ do ano passado, me apresentaram o projeto e fiquei encantado com o que já vinha sendo produzido pelos estudantes, com o apoio do professor, do centro, inclusive os próprios alunos e professores arcavam do próprio bolso com muitos materiais”, contou o procurador do Trabalho Raulino Maracajá, que está apoiando o projeto.

Ele se reuniu com o professor Daniel Moura e alguns estudantes da equipe na semana passada, em uma reunião na sede do Ministério Público do Trabalho em Campina Grande, que fez uma destinação de recursos para o projeto.

“Nossa ideia foi investir e de alguma forma ajudá-los a fomentar esse pensamento criativo em ‘Equipamentos de Proteção Individual Inteligentes’, que foram denominados de EPIns, atrelados à Internet das coisas e à indústria 4.0”, afirmou o procurador.

“O objetivo central é fazer o melhoramento de equipamentos com essa tecnologia desenvolvida aqui, no interior da Paraíba, para que possamos reduzir, drasticamente, o número de acidentes de trabalho, mortes e doenças ocupacionais”, concluiu Raulino Maracajá.

ACIDENTES DE TRABALHO

Na Paraíba, 4,3 mil acidentes de trabalho foram registrados em 2018, dos quais 1,8 mil em João Pessoa, 854 em Campina Grande e 373 em Santa Rita. Os três municípios concentraram 70% dos acidentes. No País, foram notificados 623,8 mil, segundo o Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho (www.smartlabbr.org/sst).

 

Fonte: Ascom-MPT-PB.

 

CONTATOS:

ASCOM / MPT-PB – (83) 3612 – 3119

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