Saúde do trabalhador - Associação pede apoio do MPT-PB para assistência a transplantados

Associação de Apoio aos Doentes de Fígado lança livro em João Pessoa, nesta quinta-feira, às 20h, no CRM. Obra relata o drama de pacientes que precisam de transplante.

Hoje, milhares de brasileiros que precisam de um transplante de órgão para continuar vivendo enfrentam uma verdadeira ‘via-crúcis’. Em particular, trabalhadores paraibanos que são afastados das suas funções por doenças no fígado são obrigados a peregrinar em busca da cirurgia em outros Estados. Pois, na Paraíba, em 2015, nenhum transplante de fígado foi realizado e, este ano, apenas um, conforme informou a Secretaria Estadual de Saúde (SES).


Justamente para alertar sobre essa realidade e tentar meios para melhorar esse quadro, representantes da Associação Pernambucana de Apoio aos Doentes de Fígado (Apaf), os médicos Cláudio Moura Lacerda e Laércio Leitão Batista se reuniram, na manhã desta quinta-feira (22), com o procurador-chefe do Trabalho em exercício Carlos Eduardo Lima, na sede do Ministério Público do Trabalho (MPT-PB), em João Pessoa.


Eles integram a equipe de transplante de fígado do Hospital Universitário Oswaldo Cruz, em Recife (PE), referência na área e considerado o segundo maior serviço do País. De acordo com o médico cirurgião e presidente da Apaf, Cláudio Lacerda, de cerca de 1.000 pacientes do Norte-Nordeste transplantados pelo serviço, aproximadamente 140 (14%) são paraibanos, a maioria de baixa renda.


Órgãos se perdem e deixam de salvar vidas


Segundo o cirurgião Cláudio Lacerda, o índice de morte por acidente de transporte no Brasil é alto e muitos órgãos – que poderiam salvar outras vidas – deixam de ser aproveitados todos os dias porque não há estrutura nas centrais de transplante. “Falta um maior envolvimento oficial e da própria população para se desenvolver a cultura da doação de órgão e efetivação do transplante”, pontuou. No Brasil, 44% das famílias ainda não permitem a doação de órgãos. Na Paraíba, esse índice de recusa é ainda maior: 47%.


Ele destacou que a doença no fígado é incapacitante e geralmente quando o paciente procura o serviço já está afastado do seu trabalho, o que gera um problema grave, pois fica incapacitado de sustentar a família. Mas observou que, com a assistência adequada, ele pode ser operado e, aos poucos, pode ser reabilitado e voltar a sua vida normal.


Procurador garante apoio


“A Apaf é uma entidade que presta um serviço muito importante na área de transplante de fígado e que, muitas vezes, atende trabalhadores pobres, que têm que se afastar das suas funções e se tornam miseráveis. Além da nossa atuação presidindo inquéritos, conduzindo investigações, vamos estreitar a parceria com esta entidade para que ela possa continuar o serviço e ampliar esse atendimento. Como procurador, já me dispus a sempre que possível destinar recursos e também vou levar o assunto para a próxima reunião do colegiado de procuradores”, afirmou o procurador Carlos Eduardo Lima.


Livro


O drama de pacientes que enfrentam uma fila para conseguir um transplante, a longa espera, a burocracia que emperra o processo, a falta de estrutura das centrais de transplantes e ainda a falta de doadores são relatados no livro ‘Acorde o Governador’, de autoria do médico cirurgião Cláudio Lacerda. A obra será lançada nesta quinta-feira, às 20h, na sede do Conselho Regional de Medicina (CRM), em João Pessoa; O livro traz, em 40 capítulos, relatos de pacientes. O prefácio é do cineasta Guel Arraes. Toda a arrecadação com a venda dos livros será revertida integralmente para a Apaf.

 

Apaf


A Associação Pernambucana de Apoio aos Doentes de Fígado (Apaf) vive de doações e voluntariado, prestando atendimento e assistência a pacientes transplantados e familiares. Ela mantém uma Casa de Acolhimento em frente ao Hospital Universitário Oswaldo Cruz, em Recife (PE), onde são realizadas as cirurgias, todas pelo SUS.


É formada por uma equipe multiprofissional de médicos, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais, entre outros profissionais. É reconhecida como entidade de utilidade pública, nos âmbitos municipal, estadual e federal.

 

Por Henriqueta Santiago

Assessoria do MPT-PB

 

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Henriqueta Santiago
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(83) 3612 – 3119 – Ascom / MPT (Das 9h às 16h)

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